FARINHA DE MANDIOCA

Origem da farinha de mandioca

Alimento básico indígena, a mandioca foi o primeiro produto da terra que os portugueses conheceram – “a rainha do Brasil”, como definiu Luís da Câmara Cascudo. Foram identificadas 80 espécies no Brasil,
a mandaioca é descascada, ralada, peneirada e cozida
divididas em dois grandes grupos. A mandioca-amarga ou brava, venenosa, que contém ácido cianídrico e pode ser fatal; e a mandioca mansa ou doce, também conhecida por aipim ou macaxeira, sem o veneno. Com técnicas criadas pelos índios, a raiz dá origem a diversos produtos que, até, hoje, compõem a mesa do brasileiro: farinha, beiju, pirão, tucupi, etc.
A produção de farinha de mandioca, o mais importante dos sub-produtos da planta, era um trabalho essencialmente feminino. Depois de arrancar as raízes, as índias ralavam o alimento em uma espécie de prancha de madeira cravejada de pedras pontudas. A massa resultante era então passada no tipiti, instrumento de tranças vegetais feito pára escoar a manipueira (caldo venenosa pela presença de ácido cianídrico), e levada a grandes panelas de barro sobre o fogo.
Sem parar de mexer, as índias deixavam a massa ser cozida até atingir o ponto desejado. Era o acompanhamento indispensável de carnes, peixes e frutas. Havia dois tipos principais. A farinha fresca, que durava somente três dias; e a chamada farinha-de-guerra, que deixada torrar bastante no fogo, durava mais de um ano. A farinha-de-guerra ganhou esse nome por integrar o farnel das expedições guerreiras tanto de índios quanto de portugueses. Outra curiosidade: a forma de consumo da farinha pelos índios foi apelidada pelos europeus de arremesso, isso porque eles pegavam a farinha com os dedos, fazendo um punhado, e atiravam à boca sem deixar cair um grão sequer.
A farinha também deu origem ao pirão – conhecido também por mingau -, uma papa grossa feita acrescentando-se o caldo quente de peixe ou de carne à fécula. Mais tarde, com a fusão de técnicas e ingredientes, portugueses introduziram o sal, temperos, caldos de aves, leite, açúcar e farinhas de outras plantas. O pirão é um alimento básico, copyright by Brazil, como escreveu Cascudo, e entrou para as trovinhas nos séculos seguintes – “Sem pirão, / Não vai não!”, “Com mulher e pirão, faz-se a função!” e “Não há animação/ Sem pirão!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário